Viúva negra certamente nasceu mais do clamor dos fãs por um tributo a heroína do que um projeto idealizado para integrar o MCU. O longa tenta criar um clima de filme família, mostrando o contato entre Natasha e yelena na infância e o choque enfrentado por yelena ao descobrir que sua vida era uma mentira, justifica facilmente o fato dela não ter aparecido antes em outros filmes.
Colocando a infância de Natasha nos anos 90 perdemos seu passado na kgb, mas coloca a ideia brutal do treinamento do quarto vermelho mais próximo do público do filme. Com Natasha tendo lembranças como bailarina antes, o filme prometia que veríamos mais desse passado, mas essa história passa rapidamente logo no início e o espectador menos atento irá perder algumas frases que aumentam esse peso.
Com uma curta explicação sobre os eventos de Budapeste, chegamos na ação que tenta trazer o clima dos filmes clássicos de James bond. tendo tantos elementos a serem apresentados e muitos novos personagens, a trama acaba seguindo um caminho muito direto ao clímax, cabendo boa parte da diversão do filme a características dos personagens e não da trama.
Uma agradável surpresa é o guardião vermelho interpretado por David harbour. Além de ser o grande alívio cômico do filme ele transmite tanto sentimento em poucas frases e olhares que já queremos vê-lo novamente com outros personagens. Infelizmente seus momentos de ação acabam ficando em segundo plano no longa.
Isso ocorre por duas razões que acabam sendo uma só. O filme trata da história de Natasha e como ela vai continuar influenciando o mcu mesmo depois de sua morte e por isso a ação se foca em Natasha e yelena, deixando os outros personagens meio que de lado na trama.
A outra razão é que esperávamos ver mais da maldade do quarto vermelho e isso não apareceu. Sendo um filme para todos os públicos muitas frases fortes ficaram com clima de piada e a maldade ficou quase inteiramente nas palavras de dreikov. Até mesmo o vilão taskmaster teve sua história vinculada a de Natasha para causar um impacto emocional maior.
O problema é que passamos os últimos dez anos acompanhando Natasha passar da espiã dissimulada para um membro da família vingadores e sua conexão com os outros personagens além de yelena parece forçada, uma armação onde ela logo mostrará que vai trair alguém.
O que muitos achavam que seria uma homenagem para Natasha se torna uma passagem de bastão para yelena e o destaque é todo dela. Trazendo um estilo todo novo, Florence Pugh interage com Scarlet de um jeito todo especial e brinca com muito do que foi construído por sua antecessora.
O filme é muito divertido, mesmo com alguns problemas de roteiro, mas o maior problema foi o quanto o filme demorou para sair. Se passando após os eventos de Guerra civil, seu lançamento após ultimato tira muito do peso que o filme traria e não apresenta riscos reais para Natasha. Ainda assim o filme mostra sua conexão com o futuro do mcu e merece sua tarde de sábado.